As Canções de EXU
- omeucavaleirodeour
- 25 de jun.
- 4 min de leitura
Exu inicialmente foi demonizado pela Igreja Católica como uma estratégia para conversão do povo IORUBÁ ao Cristianismo. Aos poucos a imagem de Exu como um ser do mal vem sendo desmistificada.
O Jornal da USP divulga o trabalho de Lizandra Cortes Pingo. Ela analisou canções brasileiras e mostra as múltiplas faces de Exu, nem sempre negativas.
Primeiramente, segundo a pesquisa, a melhor compreensão de Exu pode ser também uma ferramenta de combate ao racismo. O acervo possui 72 canções e 7 foram selecionadas para estudo. Tratam-se de canções criadas por autores brasileiros que trazem diferentes representações para Exu.
Há músicas que fazem a associação de Exu com o demônio cristão. Essa associação foi feita pela própria Igreja Católica e posteriormente por algumas Igrejas Evangélicas (em especial igrejas neopentecostais que em alguns cultos ocorrem rituais exclusivos para expulsão de demônios e os relacionam a exus).
O padre jesuíta José de Anchieta diferenciava entre “diabo cristão europeu” do “diabo cristão brasileiro”. Para o jesuíta, o diabo brasileiro é debochado e zombeteiro, parecido com o Saci Pererê. Já o diabo europeu é soturno (sem alegria, vivacidade), meio sombrio, horrendo (de causar medo).
Também, a Igreja Católica já chegou a associar índio e negro africano como diabos. Por essa razão, talvez, a busca em realizar a conversão. A crença de que a religiosidade europeia é superior à africana e a indígena.
Exu é considerado a figura mais controversa de todas divindades de Iorubá. Alguns o definem como seres exclusivamente maus. Outros com atos benéficos e maléficos. Outra categoria só enfatizam suas benevolências. É a definição de Sikirú Sálámi e Ronilda Iyakemi Ribeiro na obra Exu e a ordem do Universo.
O estudo explica que as faces advém de sua competência como estrategista, sua inclinação ao lúdico (divertimento), seu bom senso e ponderação que propiciam ao consulente sensatez, a fidelidade de exu nas palavras, verdades ditas gerando discernimento, justiça e sabedoria.
Todo esse bojo, todos esses atributos os tornam interessante para alguns e indesejável a outros. Algumas casas espíritas utilizam canções que definem exus como sentinelas, um protetor. Já outras casas fazem uso de canções como um mensageiro entre os orixás (vibrações energéticas universais em compatibilidade com elementos da natureza) e os humanos.
Há canções que definem também o diabo como um homem branco.
E há canções como Gênesis e Tiro de Misericórdia que o pano de fundo é a malandragem (interpretada pelo cantor João Bosco e Alder Blanc). A canção Quem é Meu Guia é diretamente implícita à José (Zé) Pilintra com uma reinterpretação do malandro (autoria de Almir Guineto e Beto Sem Braço em parceria com Serginho Meriti.
O Rappa tem a música Lado B Lado A (Marcelo Falcão e Marcelo Yuka) e explicita relação Exu e Iemanjá.
A canção Só o ôme de Edenal Rodriguês tem a figura de Exu protetor, a magia e o trabalho. O interprete Noriel Vilela
A figura Exu e Pomba Gira e a feminilidade surge na canção Labareda interpretada por Baden Powell que junto com Vinícius de Morais a peça
A canção Exu nas Escolas é o exu mensageiro e seu papel nas escolas. A musica Kiko Dinucci e Edgar é cantada por Elza Soares.
Dentre diversas canções, uma contagiante e esclarecedora é a música Guardião da Fé de Sandro Luiz:
Um lindo clarão, lá do céu, fez a Lua brilhar
Um raio iluminou e surgiu lá na terra um grande Orixá
Do fogo levantou, para caminhar
Em cada passo que dava
Uma grande jornada pra quem com ele andar.
O que Exu plantou, pode acreditar,
Ele plantou a coragem, a disciplina e a lealdade,
Sempre vai lhe ajudar.
O que você plantou, e não acreditar,
Se lhe faltar a coragem, a disciplina e a lealdade,
Exu vai lhe cobrar.
E não há mal algum, pense o que quiser
Exu não é o mal, Exu é o meu guardião, meu guardião da fé.
Exu não é o mal, Exu é o meu guardião, meu guardião da fé.
Porém, há o ponto maravilhoso do Cavaleiro da Estrela da Guia – O Meu Cavaleiro de Ouro - tocado e cantado por Pérola D’Iemanjá no Youtube:
Referências:
Pesquisa Científica: Uma análise das múltiplas faces de Exu por meio de canções brasileiras: Contribuições para Reflexos sobre o ensino da cultura e da história africana e Afro-Brasileira na Escola (2018). Lisandra Cortes Pingo – FE – USP. https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-humanas/orixa-exu-tem-sua-imagem-desmistificada-como-ser-do-mal-e-assustador/
371.98 Pingo, Lisandra Cortes P653a Uma análise das múltiplas faces de Exu por meio de canções brasileiras: contribuições para reflexões sobre o ensino da cultura e da história africana e afro- brasileira na escola / Lisandra Cortes Pingo; orientação Maria Cecília Cortez Christiano de Souza. São Paulo: s.n., 2018. 197 p. ils.; tabs.; anexos; apêndices Dissertação (Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Educação. Área de Concentração: Psicologia e Educação) - - Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. 1. Exu 2. Cultura Afro-brasileira 3. Canção 4. Educação antirracista I. Souza, Maria Cecília Cortez Christiano de, orient
Youtube:
Canal Pérola D’Yemanjá
Guardião da Fé – Sandro Luiz
Comments